A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta sexta-feira (20) durante uma visita-surpresa a Kiev que o bloco irá emprestar € 35 bilhões (R$ 211 bilhões) à Ucrânia, obtidos com lucros dos ativos russos congelados na Europa. Em uma entrevista coletiva ao lado presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Von der Leyen destacou "um grande avanço".
Em Kiev, Ursula von der Leyen disse que se tratava de "uma nova contribuição importante da União Europeia (UE) para a reconstrução da Ucrânia". "Os ataques incessantes da Rússia indicam que a Ucrânia precisa de apoio duradouro da UE", acrescentou.
Zelensky afirmou que os recursos serão usados para fortalecer a defesa aérea e a infraestrutura energética do país. As centrais elétricas ucranianas, fundamentais para garantir o aquecimento durante os longos meses de inverno no hemisfério norte, estão danificadas pelos ataques sistemáticos de Moscou contra infraestruturas civis do país. Em dois anos e meio de guerra, a Ucrânia perdeu “mais de dois terços” da sua capacidade de produção de eletricidade, segundo um relatório da Agência Internacional de Energia.
Os 27 países da UE ainda devem aprovar esta proposta, mas o procedimento será acelerado, disse um funcionário europeu, falando sob anonimato. O empréstimo não está sujeito a quaisquer condições e poderá ser integrado diretamente no orçamento nacional ucraniano, indicou a mesma fonte à AFP. Em junho, o G7 deu sinal verde para a utilização do dinheiro russo, um tema complexo.
Desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a UE congelou € 200 bilhões da Rússia depositados no bloco. Cerca de 90% dos recursos são guardados pela Euroclear, na Bélgica, uma empresa de prestação de serviços financeiros especializada em liquidação e custódia de títulos escriturais. Os 27 vão utilizar no empréstimo à Ucrânia apenas o rendimento em juros gerado pelo capital russo.
Esta é a oitava visita de von der Leyen a Kiev, onde ela também aborda o processo de adesão do país à União Europeia e o progresso nos empréstimos do G7 ao país, detalhou a comissária. O bloco europeu abriu oficialmente negociações de adesão da Ucrânia em junho.
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