O grupo terrorista Talibã, que governa o Afeganistão, foi uma das entidades globais que celebraram o colapso do regime de Bashar al-Assad na Síria. O grupo parabenizou o movimento jihadista sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), após a fuga de Assad do país no último domingo.
O HTS, um desdobramento da Al-Qaeda com políticas repressivas semelhantes às do Talibã, vinha combatendo o regime de Assad há anos. A grande reviravolta ocorreu no final de novembro, quando os combatentes do HTS tomaram a cidade de Aleppo. Desde 2011, a Síria está em guerra civil, iniciada após Assad, apoiado pelo Irã, reprimir violentamente protestos contra o regime autoritário de sua família.
Após a captura de Aleppo, o HTS avançou por outras cidades enfrentando pouca resistência do exército de Assad. No sábado, líderes do HTS anunciaram ter chegado a Damasco, o que resultou na fuga de Assad para a Rússia. Atualmente, o HTS está no controle do país, com Mohamed al-Bashir, um aliado político do grupo, atuando como primeiro-ministro interino para formar um novo governo. No entanto, as intenções declaradas pelo líder do HTS, Abu Mohammed al-Jolani, de impor um regime islâmico, preocupam a considerável população cristã do país.
Enquanto o HTS é considerado um grupo terrorista radical islâmico, o regime de Assad também foi responsável por uma série de atrocidades contra seu povo. Após sua partida, prisioneiros políticos que haviam desaparecido por décadas começaram a reaparecer, muitos deles com evidências de tortura. A rede Al Jazeera relatou corpos mutilados encontrados em um necrotério de prisões.
O Talibã, que tomou o poder no Afeganistão de maneira semelhante em 2021, saudou a ascensão de outro governo islâmico sunita. Em comunicado, o “ministério de relações exteriores” do Talibã congratulou a liderança do HTS e o povo sírio por seus avanços que resultaram na “remoção de um fator de conflito e instabilidade”, referindo-se a Assad.
O Talibã expressou esperança de que “as próximas fases da revolução sejam conduzidas de maneira a garantir um sistema pacífico, unificado e estável” e sugeriu a adoção de uma “anistia geral” para os remanescentes do regime de Assad. Além disso, incentivaram uma política externa positiva que permita a reintegração de refugiados e proteja o país de influências externas prejudiciais.
Diferentemente do Talibã, o HTS está oficialmente na lista de Organizações Terroristas Estrangeiras dos EUA, que oferecem uma recompensa de US$ 10 milhões por informações que levem à captura de al-Jolani. Apesar disso, o líder do HTS tenta se apresentar como uma alternativa diplomática mais viável que Assad, prometendo proteger minorias e reformular a imagem do grupo.
O Talibã, em sua ascensão, adotou uma estratégia semelhante, prometendo um governo “inclusivo” antes de impor um regime estritamente baseado na sharia, que eliminou direitos civis, especialmente para as mulheres. Atualmente, o Afeganistão enfrenta severas restrições à educação e mobilidade feminina, desmentindo as promessas iniciais de inclusão do Talibã.
A ascensão do HTS e as saudações do Talibã levantam preocupações sobre o futuro da Síria sob o controle de outro regime extremista, enquanto o povo sírio permanece em meio à incerteza e desafios contínuos.
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