A imprensa francesa desta quarta-feira (18) se concentra em explicar porque esses aparelhos, populares na década de 1990 antes da expansão dos celulares, continuam sendo amplamente utilizados hoje pelo movimento armado libanês.
Uma imagem viralizou em todo o mundo na terça-feira (17). Um homem, fazendo compras em um mercado de Beirute, cai após uma explosão em seu próprio bolso. Nos arredores, frequentadores da loja não entendem a situação e se afastam, assustados. Esse foi, sem dúvidas, o maior ataque sofrido pelo grupo Hezbollah em 40 anos de existência, diz o jornal francês Libération.
Motivado pela curiosidade de internautas e leitores sobre os pagers, o diário traz uma ampla reportagem sobre esses aparelhos que não dependem da internet e funcionam por meio de ondas de rádio. Esses dispositivos de troca de mensagens atualmente considerados rudimentares foram amplamente adotados pelo grupo xiita libanês Hezbollah.
Segundo o diário, essa é uma forma de escapar da espionagem israelense, "um modo de comunicação paralela", sem fios e sem conexões. A criação deles data dos anos 1920, nos Estados Unidos, mas desde então, vêm sendo adaptados. Nos anos 1980 e 1990 chegaram a ser uma verdadeira febre, mas foram substituídos nos anos 2000 pelos celulares.
O dispositivo, embora tenha caído em desuso, ainda é útil em alguns setores, afirma a emissora France Info. Na França, por exemplo, o aparelho ainda é utilizado por equipes médicas em hospitais e centros de saúde.
Tecnologia avançada
O site do jornal Le Monde também traz uma longa matéria detalhando como os pagers funcionam, "à base de pilhas ou baterias, com grande autonomia". Mas o diário lembra que a baixa potência do aparelho torna "muito improvável" que eles tenham explodido sem uma modificação prévia.
Segundo o jornal britânico The Guardian, desde os ataques do grupo Hamas contra Israel, em outubro de 2023, líderes do Hezbollah suspeitavam que suas telecomunicações estavam sendo pirateadas. As tropas da milícia xiita chegaram a ser proibidas de carregarem smartphones durante combates. Aliás, a adoção desse mecanismo de troca de mensagens é recente.
Sob anonimato, autoridades americanas e de várias outras nacionalidades deram detalhes ao jornal New York Times sobre como o Mossad, o serviço de inteligência de Israel, teria implantado detonadores e explosivos nos pagers. A agência Reuters afirma que o Mossad interceptou carregamentos de pagers enviados neste ano ao Líbano e colocou pequenas quantidades de explosivos nos aparelhos.
Várias mídias francesas e americanas indicam que os pagers que explodiram no Líbano e na Síria são de um modelo avançado, da marca taiwanesa Gold Apollo. Mas a companhia esclareceu, nesta quarta-feira, que os dispositivos utilizados pelo Hezbollah foram fabricados por uma firma parceira, a DAC, da Hungria, que até o momento, não se pronunciou.
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