A Polícia Federal (PF) em Campinas, nesta terça-feira (26), uma operação em seis estados e no Distrito Federal contra um grupo suspeito de praticar crimes financeiros estimados em R$ 6 bilhões. Segundo as investigações, a organização criminosa operava por meio de um sistema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas com o auxílio de um sistema bancário paralelo e criptomoedas.
O objetivo do grupo, aponta a PF, era atender a um fluxo constante de dinheiro para a China. Ainda assim, apontam as investigações, os criminosos atendiam a quem tivesse interesse em lavar dinheiro e enviar ou receber recursos do exterior. Entre os “clientes” da fraude os policiais federais identificaram grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas e armas, além de contrabando e descaminho. Uma das empresas listadas nas investigações foi citada pelo delator do PCC morto no terminal do Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Operação mobilizou 200 agentes da Polícia Federal
Ao todo, a Operação “Tai-Pan” mobilizou 200 policiais federais para o cumprimento de 16 mandados de prisão e mais de 40 de busca e apreensão. Além das prisões e das buscas, a Justiça Federal determinou bloqueio de bens e valores em cifra superior R$ 10 bilhões de reais, em mais de 200 empresas.
Os agentes efetuaram as ações de prisão, busca e apreensão em Campinas, Cajamar, São Paulo, Guarulhos e Itaquaquecetuba, no estado de São Paulo; Foz do Iguaçu, no Paraná; Vila Velha, no Espírito Santo; Florianópolis e São José, em Santa Catarina; Feira de Santana, na Bahia; Fortaleza, no Ceará; e no Distrito Federal. Outros dois mandados foram cumpridos fora do país.
Esquema era mantido por estrangeiros e brasileiros
As investigações começaram em 2022. De acordo com a PF, o grupo operava um complexo sistema bancário paralelo e ilegal, movimentando bilhões no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia, Dubai, Hong Kong e China. Este último, segundo os investigadores, foi o país que mais recebeu valores de origem ilícita.
Entre os integrantes da organização criminosa identificados pela PF estão brasileiros e estrangeiros. Alguns deles são policiais civis e militares, enquanto outros são contadores e gerentes de banco. Ao todo, o esquema pode ter movimentado R$ 120 bilhões em operações de débito e crédito. Sozinho, o criminoso identificado como o líder do esquema teria movimentado R$ 800 milhões só em 2024.
Crimes foram cometidos por meio de empresas de tecnologia e criptomoedas
Além de meios como a criação de empresas de fachada, o uso de “laranjas” e de documentos falsos, o esquema, segundo a PF, operava com métodos mais modernos. Os crimes, apontam os investigadores, foram cometidos por meio de transferência de dinheiros para criptoativos e fintechs. “Esses novos modelos e instrumentos de lavagem e evasão permitiram à organização saltar de milhões para a casa de bilhões de reais”, disse a Polícia Federal, em nota.
Em alguns dos locais onde houve cumprimento de mandados de busca e apreensão, servidores da Receita Federal participaram da operação em busca de documentos para embasar a análise fiscal dos suspeitos. Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, além de outros ilícitos.
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