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Operações chinesas e russas na costa do Alasca
Paulo Figueiredo

Mundo

Operações chinesas e russas na costa do Alasca

China é Russia avançam rumo ao desconhecido

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A Contra-Almirante Megan Dean, comandante do 17º Distrito da Guarda Costeira, relatou no início deste mês que a China demonstrou interesse maior no Ártico, onde — pela primeira vez — a guarda costeira chinesa está operando no Mar de Bering, não muito longe da costa do Alasca.

Especificamente, dois navios da guarda costeira chinesa, acompanhados por dois navios de patrulha da guarda de fronteira russa, foram observados pela Guarda Costeira dos EUA perto da fronteira marítima entre os EUA e a Rússia.

De acordo com o relatório, os navios estavam transitando em formação na direção nordeste, permanecendo aproximadamente 5 milhas (aproximadamente 8 km) dentro da Zona Econômica Exclusiva Russa.

A crescente cooperação militar entre China e Rússia não se limita ao domínio marítimo. Em julho, caças dos EUA interceptaram bombardeiros chineses e russos operando juntos na Zona de Identificação de Defesa Aérea do Alasca, uma demonstração clara de sua crescente coordenação e agressão.

Isso é preocupante.

A presença crescente da China no Ártico, ao lado da Rússia, destaca uma mudança geopolítica mais ampla com sérias implicações para os Estados Unidos e seus interesses aliados.

A Estratégia Ártica do Departamento de Defesa dos EUA de 2024 ressaltou a importância crítica do Ártico para a segurança nacional dos EUA, afirmando: “O Ártico é uma região estrategicamente importante para os Estados Unidos”. Também disse: “A região ártica norte-americana também é essencial para a execução das operações indo-pacíficas”.

Um fracasso dos EUA no Ártico não apenas diminuiria sua presença no Hemisfério Norte, mas também poderia minar a capacidade de projetar poder efetivamente no Indo-Pacífico, uma região onde as tensões com a China sobre Taiwan e a liberdade de navegação têm aumentado.

O Ártico sempre foi uma zona sensível, mas a emergente aliança sino-russa está transformando a região em um potencial ponto crítico para um conflito global

É necessário garantir que o Ártico não se torne um ponto cego estratégico e os Estados Unidos precisam ser deliberados em sua abordagem.

Os EUA e a Rússia detêm territórios significativos no Ártico e, portanto, são “estados árticos”. A China, por outro lado, não tem nenhum território no local.

No entanto, a China autoproclamou seu status como um “estado quase ártico que quer ser uma “grande potência polar” até 2030, sinalizando que Pequim não está apenas buscando uma posição na região, mas se posicionando para o domínio – uma ambição que está buscando em conjunto com a Rússia.

De acordo com sua política do Ártico de 2018, a China busca entender, proteger, desenvolver e participar da governança do Ártico. Embora suas intenções sejam aparentemente altruístas no papel, Pequim tem sido agressiva na prática. Em 2023, a China implantou dispositivos de escuta e boias espiãs nas águas do Ártico e está investindo ativamente na construção de novos quebra-gelos.

Para a Rússia, o Ártico desempenha um papel significativo na segurança nacional e nos cálculos econômicos. Com mais de 80% de seu gás natural e uma porção significativa de seu petróleo vindo da região, a Rússia reivindica o direito de regular as águas ao longo da Rota do Mar do Norte.

Devido à importância estratégica da região, a Rússia continua a investir pesadamente em nova infraestrutura militar e a reformar instalações da era soviética. Apesar do desgaste como resultado da guerra na Ucrânia, suas forças estratégicas, aéreas e marítimas permanecem intactas.

A parceria sino-russa no Ártico apresenta um desafio multifacetado. Se não for controlada, sua crescente influência pode remodelar o equilíbrio de poder na região. 

Esses incidentes recentes, em que embarcações chinesas e russas foram observadas perto de águas dos EUA no Mar de Bering, e suas aeronaves operaram na Zona de Identificação de Defesa Aérea do Alasca, são manifestações claras da ameaça crescente, um sinal de cooperação cada vez mais profunda entre duas potências que buscam desafiar o domínio dos EUA em todo o mundo.

Esses eventos servem como um lembrete de que o Ártico não é uma fronteira distante, mas uma região onde as tensões geopolíticas estão cada vez mais se manifestando em tempo real.

FONTE/CRÉDITOS: Paulo Figueiredo
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