Os incêndios florestais que atingem o estado de São Paulo desde sexta-feira (23/08) mataram pelo menos duas pessoas e fizeram 800 deixar suas casas, de acordo com dados do governo estadual. As vítimas eram dois funcionários de uma fábrica na cidade de Urupês que tentaram combater o fogo.
Mais de 20 mil hectares já queimaram (o equivalente a 20 mil campos de futebol), e 48 cidades do interior de São Paulo estão em alerta máximo para o risco de novos incêndios, de acordo com a Defesa Civil. É o agosto com o maior registro de incêndios no estado em 26 anos.
Os focos estão localizados perto de Ribeirão Preto e, embora concentrados em áreas rurais, sobretudo em canaviais, muita fumaça cobriu o céu das cidades próximas e se alastrou em direção à região central do país, chegando a cidades como Brasília, Goiânia e Belo Horizonte.
O governo federal informou que acionou a Polícia Federal (PF) para investigar a possível origem criminosa das queimadas. A PF abriu dois inquéritos no domingo (25/08) para apurar a suspeita.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou no domingo que o governo considera a hipótese de ter sido uma ação similar ao "dia do fogo" – referência a 10 de agosto de 2019, quando grileiros e produtores rurais fizeram um movimento coordenado para incendiar áreas da Floresta Amazônica.
"Há uma forte suspeita de que está acontecendo de novo", afirmou Silva, na sede do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), em Brasília.
"Em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em dois dias tenha diversas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios", reforçou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também compareceu à sala de situação montada há dois meses no Prevfogo para acompanhar os focos de incêndio no país. Ele garantiu recursos e ações do governo federal para conter as chamas.
Investigações
Ao lado da ministra, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, confirmou a existência de 31 inquéritos para apurar condutas criminosas ligadas aos incêndios florestais na Amazônia e mais 20 relacionadas ao Pantanal, além das duas investigações abertas para apurar a situação em São Paulo.
"Mobilizamos as nossas 15 delegacias espalhadas pelo interior [de SP] para que a gente possa identificar essa questão que envolve essas queimadas no estado."
Rodrigues também explicou que o governo dispõe de ferramentas que permitem retroceder as imagens de satélite, até a identificação da origem dos focos de calor, o que deve auxiliar em grande medida as investigações.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que a Polícia Civil de São Paulo analisa vídeos e imagens que circulam nas redes sociais mostrando possíveis autores.
Dois homens foram presos no fim de semana suspeitos de iniciar focos de incêndio. O primeiro caso, no sábado, foi de um homem de 76 anos suspeito de atear fogo em lixo em São José do Rio Preto. O outro, preso no domingo, em Batatais, é um homem de 41 anos flagrado por um morador colocando fogo em uma mata. De acordo com policiais, o celular do suspeito tinha vídeos de incêndios armazenados na galeria de imagens —inclusive dele comemorando outras queimadas.
Fumaça e partículas no ar
O tempo seco foi um dos fatores que ajudaram a proliferação das queimadas, com índice de umidade abaixo dos 20%. O vento e as altas temperaturas agravaram a situação.
Nesta segunda-feira (26/08), os focos de incêndio pararam de avançar, com a ajuda da chuva e de uma força-tarefa do estado para controlar as chamas, mas as cidades na região atingida seguem sob alerta e lidam com os prejuízos deixados pelo fogo.
Em Ribeirão Preto, a qualidade do ar chegou ao índice péssimo, com concentração recorde de partículas no sábado, mas houve uma melhora no domingo.
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