Pelo menos 12 pessoas morreram depois que um barco que transportava um grupo de imigrantes naufragou no Canal da Mancha nesta terça-feira, disseram autoridades francesas. A embarcação, que estaria levando cerca de 70 pessoas, estava a caminho do Reino Unido após sair da França. O episódio é o mais mortal na via este ano — e ocorreu num momento em que autoridades francesas e britânicas trabalham para impedir as travessias nessa rota, considerada uma das mais perigosas do mundo.
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Gérald Darmanin, o ministro do Interior da França, disse no X que a embarcação afundou ao largo da costa de Wimereux, em uma área da região de Pas-de-Calais onde várias tragédias semelhantes ocorreram este ano. Duas pessoas ainda estavam desaparecidas e várias outras estavam feridas, declarou ele, acrescentando que “todos os serviços governamentais estão mobilizados para encontrar os desaparecidos e cuidar das vítimas”. Segundo o jornal francês La Voix du Nord, vários imigrantes foram resgatados em estado crítico.
Um dos piores acidentes relacionados a migrantes no Canal da Mancha aconteceu em 2021, quando 27 pessoas morreram após o barco virar, mas tragédias semelhantes ocorreram repetidamente em menor escala. Cinco pessoas também morreram no mar em janeiro perto de Wimereux; e outras cinco morreram em circunstâncias semelhantes na mesma área em abril. Na semana passada, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron, prometeram aumentar a cooperação na região e desmantelar redes de tráfico humano, que as autoridades têm culpado pelas mortes repetidas.
“Os líderes concordaram em fazer mais juntos para desmantelar as rotas de tráfico e aumentar o compartilhamento de informações”, disse o escritório de Starmer em nota após o encontro dos dois em Paris.
O Canal é uma das rotas de navegação mais movimentadas do mundo. Suas águas são especialmente geladas no inverno, os ventos podem ser traiçoeiros e os migrantes que tentam atravessar frequentemente lotam barcos infláveis frágeis. O objetivo geralmente é chegar ao Reino Unido, mas muitas vezes os migrantes não conseguem. Até este naufrágio, 25 pessoas já tinham perdido a vida desde o início deste janeiro, superando em muito as 12 mortes de 2023. Ao todo, segundo dados oficiais britânicos, 21.615 migrantes fizeram a viagem este ano.
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A maioria daqueles que tentam atravessar o Canal parte da França. Muitos são do Afeganistão, Albânia, Eritreia, Iraque, Irã, Sudão e Síria, de acordo com as autoridades francesas, e se agrupam em acampamentos improvisados na costa norte da França antes de tentarem atravessar. A maior parte prefere arriscar a viagem a ficar na França porque vê o Reino Unido como um destino atraente, com um mercado de trabalho forte onde o inglês é falado, ou porque já tem família ou conhecidos lá.
O assassinato de três meninas em 29 de julho desencadeou violentos tumultos da extrema direita no Reino Unido, em meio a rumores parcialmente desmentidos que descreviam o suspeito do ataque como um requerente de asilo muçulmano. Na semana passada, o governo britânico prometeu aumentar significativamente a deportação de migrantes com pedidos de asilo recusados e de pessoas que permanecem ilegalmente.
(Com AFP e New York Times)
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