Milhares de israelenses se aglomeraram nas ruas de Jerusalém na tarde de segunda-feira para prestar suas últimas homenagens ao refém israelense-americano assassinado Hersh Goldberg-Polin. 

Ao longo das estradas que levam ao Cemitério Givat Shaul, as pessoas agitavam bandeiras israelenses, com algumas cantando o hino nacional, HaTikva (A Esperança). Mesmo aqueles que não o conheciam pessoalmente ficaram comovidos até as lágrimas. 

No funeral, o pai de Hersch, Jon, falou sobre os dois bons amigos e colegas de classe do filho, um dos quais, Aner Shapira , foi morto depois de atirar várias granadas de um abrigo antiaéreo para salvar os que estavam lá dentro. O outro amigo, Ben Zussman, foi morto enquanto lutava em Gaza em 3 de dezembro.

“Hersh, Aner e Ben cresceram juntos e agora nos juntamos às famílias Zussman e Shapira. Zvi e Sarit, obrigado por assumirem a luta pela libertação dos reféns e de Hersh. Não é o fim que queríamos, mas nos confortamos que Hersh e Aner estejam juntos para sempre. Há um simbolismo em você terminar de dizer Kaddish [a tradicional oração de luto] por Aner, enquanto estamos apenas começando.” 

“Hersh, sinto muito”, disse Jon. “Sentimos muito. Nós falhamos, você não falhou. Você pressionaria mais, e nós pressionaremos para que sua morte e a de todos os soldados não sejam em vão. Traremos para casa os reféns restantes. Nossa esperança ainda não foi perdida. A vida que tivemos com você foi uma bênção e agora trabalharemos para tornar seu legado uma bênção. Eu te amo", disse ele. 

Sua mãe, Rachel, falou sobre sua alegria em ser mãe de Hersh. 

“Hersh não era perfeito, mas era o filho perfeito para mim. Sou grata a Deus. Por 23 anos, tive o privilégio de ser mãe de Hersh, mesmo que eu quisesse que fosse por mais tempo.” 

“Durante esses meses, eu estava preocupada com você. Senti sua falta. Agora não preciso mais me preocupar. Agora você será para sempre um lindo menino”, ela disse. “Eu te amo e sentirei sua falta pelo resto da minha vida.” 

O presidente Isaac Herzog também discursou no funeral de Goldberg-Polin,  fazendo um elogio comovente . 

“Amado Hersh, com o coração partido e dilacerado, estou aqui hoje como presidente do Estado de Israel, me despedindo e pedindo seu perdão, de você, de Carmel, de Eden, de Almog, de Alex e Ori, e de todos os seus entes queridos.” 

“Peço desculpas em nome do Estado de Israel, por não termos conseguido protegê-lo no terrível desastre de 7 de outubro, por não termos conseguido trazê-lo para casa em segurança. Peço desculpas pelo país para o qual você imigrou aos 7 anos, envolto na bandeira israelense, não ter conseguido mantê-lo seguro."

"Rachel, Jon, queridos Leebie e Orly, avós e toda a família — peço perdão, perdão por não termos conseguido trazer Hersh de volta para casa vivo", continuou Herzog. 

“Saiba disso, somos testemunhas e nunca esqueceremos. Não há porta no mundo que sua amada família não tenha aberto para você, seu resgate e seu bem-estar. Não há pedra que eles não tenham virado, não há oração e súplica que eles não tenham clamado, do fim do mundo ao fim, aos ouvidos de Deus e do homem.” 

Herzog também falou sobre o “dever de Israel de acertar contas com os assassinos desprezíveis que massacraram você, Hersh, seus amigos, irmãs e irmãos”. 

As notícias dos reféns assassinados devastaram muitos em Israel na manhã de domingo. A frustração com a situação dos reféns, as mortes dos seis reféns que estavam vivos poucos dias antes e a percepção da falta de progresso na guerra se espalharam em protestos por todo Israel.

A nação começou a se despedir dos reféns na noite de domingo, quando milhares se reuniram em Ra'anana para o funeral de Almog Sarusi, junto com seus pais, Yigal e Nirah, seus dois irmãos, Amit e Lavah, e sua irmã Shaked. 

Sua mãe, Nirah, acusou amargamente o governo de abandoná-lo enquanto o elogiava. 

“Meu querido filho, meu amado. Como rezamos para abraçá-lo, para ver seu sorriso. Esperávamos vê-lo feliz, cercado por família e amigos, mas você foi abandonado – todos os dias”, ela disse.

“Você foi abandonado no altar da destruição do Hamas, do Corredor de Filadélfia e de Rafah. Você e centenas de outros. Espero que sejamos os últimos. Precisamos de um acordo para libertar os reféns. Almog, retorne aos braços de seus amados e amigos. Nós o amamos muito. Você sempre estará gravado em nossos corações.” 

Os funerais de Ori Danino, Alexander Lobanov e Eden Yerushalmi foram realizados ao mesmo tempo.

Um enorme comboio de motociclistas foi em solidariedade ao corpo de Danino para o funeral no Monte Herzl em Jerusalém. O ex-rabino-chefe Yitzhak Yosef disse que Israel deve “fazer todo o possível para a libertação dos sequestrados, até mesmo para libertar centenas e milhares de terroristas assassinos com sangue em suas mãos. É isso que precisa ser feito.” 

O irmão de Danino, Aharon, disse que não encontrou nenhum motivo para sorrir desde 7 de outubro. 

“Nos últimos 330 dias, não encontrei nenhum motivo para sorrir. Não encontrei nada em que me segurar ou alguém em quem confiar, além de Deus. Você era o pilar do lar, dos seus amigos e de mim mesmo”, disse ele. 

Em Petah Tikvah, nos arredores de Tel Aviv, milhares de amigos e familiares de Eden Yerushalmi se reuniram para prestar suas últimas homenagens. 

Membros da família seguravam cartazes dizendo: “Desculpe, Eden”. Sua mãe, Shirit, pediu desculpas à filha.

“Eden, meu amado. Tantas pessoas queriam te conhecer, mas não assim. Sinto muito que não pudemos te salvar.” 

A esposa de Alexander Lobanov, Michal, fez seu elogio em lágrimas. 

“Amor da minha vida, nós juramos 'até que a morte nos separe', então como ela nos separou? Estou falando de você no passado. Deus pega os melhores. Quero focar em você, no amor à vida, na liberdade que foi tirada de você em 7 de outubro por esses canalhas. Eu sabia e disse a todos que você voltaria”, disse Michal. “Quero agradecer. Você foi o melhor marido do mundo, a melhor pessoa que conheci, e todos aqui vão testemunhar. Desculpe por não ter conseguido te ter de volta.” 

Ela prometeu criar os filhos com “seus valores”. 

“Você será nosso herói, nosso único e verdadeiro.” 

Este artigo foi publicado originalmente pelo All Israel News.