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Iraque pode permitir que homens se casem com meninas de nove anos
Paulo Figueiredo

Mundo

Iraque pode permitir que homens se casem com meninas de nove anos

Um parato cheio para a esquerda Brasileiara

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A idade legal de “consentimento” para se casar atualmente no Iraque é 18 anos, mas essa idade pode ser reduzida pela metade, quando o parlamento votar uma emenda que pretende derrubar a “lei de status pessoal” do país. As informações são do jornal The Telegraph, do Reino Unido.

Segundo a reportagem, o parlamento iraquiano está dominado por uma coalizão de partidos muçulmanos xiitas que têm se preparado para modificar a Lei 188, com regras que regem assuntos familiares, independentemente de sua seita religiosa.

Além de reduzir a idade legal para o casamento, a emenda quer remover os direitos das mulheres ao divórcio, custódia dos filhos e herança, sob argumento de que a medida se alinha com uma interpretação estrita da lei islâmica e que até “protegeria” as meninas de “relacionamentos imorais”.

Em entrevista ao The Telegraph, o Dr. Renad Mansour, pesquisador sênior de uma organização sediada em Londres que analisa temas políticos internacionais — a Chatam House —, essa coalizão governista tem maioria parlamentar no Iraque e está prestes a conseguir aprovação da emenda.

“É o mais próximo que já esteve”, disse, ao explicar que não são todos os partidos xiitas que querem a mudança. “Apenas os específicos que têm poder e estão realmente pressionando.”

Ainda não há confirmação de quando a proposta será votada pelo parlamento, mas especialistas como Sarah Sanbar, pesquisadora do Observatório dos Direitos Humanos no Iraque (Human Rights Watch), temem que a proposta prejudique os direitos mais importantes das mulheres no país. “Isso os apagaria”, afirmou ao jornal inglês.

Além disso, a consultora jurídica internacional de direitos humanos Athraa Al-Hassan disse ao The Telegraph que está “com medo” de que o sistema de governança do Iraque seja substituído pelo de “Tutela do Jurista”, um sistema xiita que coloca o governo religioso acima do Estado. Esse sistema já sustenta os regimes no Afeganistão e Irã, países onde um Jurista Guardião atua como líder supremo do país.

Iraque já tem altas taxas de casamento infantil
Embora o Iraque tenha proibido o casamento com menos de 18 anos, dados da agência da ONU para a infância, Unicef, apontam que 28% das meninas no país se casaram antes dessa idade.

Segundo o The Telegraph, isso ocorre devido a uma brecha na lei, que permite a líderes religiosos oficiarem casamentos de meninas com até 15 anos, com permissão do pai. Essas uniões, no entanto, não são reconhecidas pela legislação, e as garotas e seus filhos têm uma infinidade de direitos negados.

De acordo com a Human Rights Watch, a nova emenda legitimaria esses casamentos religiosos, colocando meninas em maior risco de violência sexual e física, além de negar a elas acesso à educação e ao emprego.

Protestos surgem contra e emenda
A proposta tem provocado protestos, com ativistas dos direitos das mulheres acusando o governo de tentar “legalizar o estupro infantil”.

De acordo com o jornal The Guardian, durante esses protestos, defensores da nova lei confrontaram os manifestantes, os acusando de “decadência moral” e de seguir “agendas ocidentais”.

Ainda segundo o periódico britânico, desde 2021, o sistema político iraquiano tem sido dominado pelo Quadro de Coordenação, uma coalizão política de facções alinhadas ao Irã. Eles já aprovaram várias leis, incluindo a criminalização de gays e transgêneros no Iraque.

Autoridades religiosas teriam poder para decidir sobre assuntos famiiares
Ao contrário da vizinha Arábia Saudita, o Iraque não tem um sistema de tutela masculina que exija que as mulheres tenham permissão do marido, pai ou tutor masculino para fazer escolhas como casamento.

No entanto, a nova proposta, que já passou por duas leituras no parlamento iraquiano, daria às autoridades religiosas poder para decidir sobre assuntos familiares.

FONTE/CRÉDITOS: Paulo Figueiredo
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Vilson sales

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