A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) rebateu nesta quinta-feira, 19, um editorial do jornal O Globo. No texto, a publicação atribuiu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT a responsabilidade pela instabilidade fiscal que afeta o Brasil e causa a alta do dólar.
Em sua conta na rede social Twitter/X, Gleisi classificou a atribuição como injusta. Ela afirmou que a acusação “desafia a lógica, os fatos e a verdade”, além de ignorar o esforço fiscal promovido pelo governo.
A situação fiscal gerou inquietação no mercado financeiro. Isso resultou na alta histórica do dólar comercial. Apesar disso, a moeda encerrou o dia em queda, cotada a R$ 6,12, impulsionada por intervenções do Banco Central (BC).
Gleisi aproveitou a ocasião para criticar a postura do BC, que ela chamou de “bolsonarista”. Segundo a deputada, a instituição implementou uma política monetária prejudicial durante grande parte do mandato de Lula. Ela também afirmou que o BC manteve uma orientação contracionista para os anos seguintes.
A deputada apontou o que considera uma “politização radical” do Banco Central, resultado da autonomia defendida pelo jornal. Na visão da parlamentar, essa situação está na raiz dos ataques especulativos contra o real. Ela acredita que isso contribui significativamente para o cenário econômico atual.
RESPOSTA EDITORIAL O GLOBO 19 12 24
Quem desafia a lógica, os fatos e a verdade é o editorial do Globo, ao tentar lançar sobre o presidente Lula e o PT a responsabilidade pelo ataque especulativo ao real. Qual é a lógica de fixar as maiores taxas de juros do planeta, na contramão das maiores economias do mundo, com base apenas em “expectativas inflacionárias” e não na realidade de um IPCA que é praticamente igual ao do ano passado? E só não está menor por causa da carne (seca, queimadas e exportações), passagens aéreas e, pasme, do aumento do preço dos cigarros. A inflação está sob controle e caiu neste governo. Descontroladas são as tais expectativas, que não servem de termômetro para a economia real, porque são contaminadas pela febre da especulação.
Qual é a lógica de exigir um esforço fiscal ainda maior de um governo que reduziu o déficit primário de 2,1% no ano passado (pagando o calote do governo passado nos precatórios e a tunga no ICMS dos estados) para algo em torno de 0,25% este ano? Quantos países no mundo fizeram um esforço fiscal desta dimensão? E que outro governo herdou uma lambança fiscal das dimensões legadas por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes? Uma gastança de mais de R$ 300 bilhões para tentar ganhar as eleições, depois de ter arruinado políticas públicas consistentes e sustentáveis, levando o país ao Mapa da Fome, acumulando uma inflação de 27% e levando o desemprego ao recorde de 14%.
As medidas que o governo enviou ao Congresso fortalecem a regra fiscal e vão conter o crescimento de despesas em diversos setores. Exceto na conta de juros da dívida, que o BC está ampliando de maneira irresponsável, sabotando por antecipação o equilíbrio fiscal que exige do governo, de forma totalmente indevida, em sua última ata. O que não tem lógica nenhuma é exigir que o governo do presidente Lula revogue os pisos da Educação e da Saúde, os aumentos reais do salário-mínimo e sua vinculação às aposentadorias e ao BPC, como exigem com histeria. Lula foi eleito pela população que tem pleno direito a estas políticas e que precisa delas.
Ao contrário do que pretende o Globo, o resultado objetivo da “autonomia” do BC, foi a politização radical da autoridade monetária. Lula foi o único presidente forçado a conviver com um BC nomeado pela atual oposição, que manteve uma linha diametralmente oposta à do governo eleito. O BC bolsonarista impôs uma política monetária suicida por metade do mandato de Lula e ainda projetou para o futuro sua orientação contracionista.
Não há “ciência econômica” nesta distorção de natureza essencialmente política, que está na origem do ataque especulativo à moeda nacional. Nenhum ajuste vai saciar essa gente, porque seu objetivo é desestabilizar o governo do presidente Lula, jogando o país deliberadamente numa crise fiscal e a economia na recessão. Não querem que se repita o crescimento do país com inclusão social, num tempo em que o crédito acessível (diferente de barato) e os investimentos públicos e privados conviviam com responsabilidade fiscal e seguidos superávits. E se é para falar de câmbio, no governo Bolsonaro-Guedes a desvalorização do real frente ao dólar foi de 45% (depois de ter chegado a 55%), mais que o dobro dos 20% resultantes do ataque especulativo das últimas semanas. Definitivamente, não é do PT que o Globo deve cobrar autocrítica.
A presidente do PT também defendeu as propostas enviadas pelo Executivo ao Congresso para reduzir despesas. Para ela, é incoerente exigir a revogação de políticas como os pisos da educação e saúde, os aumentos reais do salário mínimo e sua vinculação às aposentadorias e ao BPC (Benefício de Prestação Continuada).
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