Ele foi substituído por Yahya Sinwar, considerado o mentor dos ataques contra o país em 7 de outubro. O novo líder do movimento islâmico armado está escondido nos túneis de Gaza e está sendo procurado pelas forças israelenses.
Com informações de Nicolas Falez, enviado especial a Hébron
As mudanças na liderança do Hamas estão sendo acompanhadas de perto por membros e simpatizantes da organização, considerada terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Maior cidade da Cisjordânia, Hébron é conhecida por concentrar ex-parlamentares palestinos do Hamas e outras figuras importantes do movimento islâmico. Alguns foram presos por Israel após os ataques de 7 de outubro, e aqueles que já foram libertados preferem manter a discrição. Foi nessas condições que um simpatizante próximo do Hamas aceitou conversar com a reportagem da RFI sobre as consequências do assassinato de Ismaël Haniyeh, o líder do movimento.
"Talvez o Hamas seja um movimento político diferente dos outros: cada vez que um líder é morto, sai fortalecido", disse o simpatizante. "Eles acreditam em suas ideias e é impossível matar uma ideia.”
Segundo ele, Israel cometeu um erro ao assassinar Haniyeh, o homem que personificava a diplomacia do Hamas. Yahya Sinwar, o novo líder do movimento, disse, poderia ser mais intransigente. "Agora começa a era de Yahya Sinwar. Embora a guerra com Israel seja muito difícil, Sinwar vive com o povo palestino em Gaza. Ele é mais firme do que um líder que vive fora de Gaza.”
O simpatizante acredita que um acordo sobre um cessar-fogo e a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos seria uma vitória para Sinwar. E está convencido de que os ataques de 7 de outubro aumentaram a popularidade do Hamas entre os palestinos.
Exército israelense mata cinco combatentes
Enquanto isso, o cessar-fogo parece distante e os combates entre Israel e movimentos palestinos continuam dentro e fora da Faixa Gaza.
O Exército israelense disse ter matado cinco combatentes palestinos escondidos em uma mesquita na quinta-feira, no segundo dia da "operação antiterrorista" no norte da Cisjordânia ocupada, que ocorre paralelamente à guerra na Faixa de Gaza contra o movimento islâmico Hamas.
A operação, que elevou o número de mortos para pelo menos 12 pessoas desde quarta-feira, gerou preocupação da ONU. A Organização das Nações Unidas alerta para o risco de "agravamento de uma situação catastrófica" no território palestino.
Na quarta-feira (28), o Exército israelense afirmou ter "eliminado" nove combatentes após lançar colunas de veículos blindados durante a noite em Jenin, Tulkarm, Tubas e em campos de refugiados na região, onde grupos armados que lutam contra Israel são particularmente ativos.
Os cinco palestinos mortos na quinta-feira no campo de Nour Shams, em Tulkarm, estavam "entrincheirados em uma mesquita", segundo o Exército. A Jihad Islâmica, aliada do Hamas, confirmou a morte de seu "comandante" no campo na quinta-feira.
Os confrontos continuaram na manhã desta quinta-feira em Jenin, que foi sobrevoada por um drone israelense, de acordo com um jornalista da AFP.
O Crescente Vermelho palestino disse que perdeu contato com suas equipes na cidade, onde as redes telefônica e de internet estão cortadas.
As incursões israelenses em áreas autônomas palestinas ocorrem diariamente na Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967 pelo Exército israelense. No entanto, é raro que eles sejam realizados simultaneamente em várias cidades e apoiados por aeronaves, como tem sido o caso desde quarta-feira.
Os acordos de paz de Oslo-Israel de 1993 preveem que o Exército israelense não deve entrar nas áreas autônomas sob o controle exclusivo das forças de segurança da Autoridade Palestina.
Ataques em Gaza
Na Faixa de Gaza, a Defesa Civil anunciou na quinta-feira que oito pessoas morreram em um ataque israelense na cidade de Gaza, no norte do país. Segundo a AFP, três palestinos morreram em um ataque de drone na cidade de Rafah, no sul do país.
O Exército israelense disse ter atingido cerca de 40 "alvos terroristas" na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, onde eliminou "dezenas de terroristas". Um dos combatentes eliminados havia participado do massacre de 7 de outubro, segundo o Exército.
As tropas israelenses também continuam suas operações em Rafah, na região de Khan Younis (sul) e nos arredores de Deir al Balah (centro), de acordo com o Exército. Muitas famílias em perigo continuam se deslocando no território de acordo com as ordens de evacuação do exército israelense, que estão se multiplicando.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) anunciou na quarta-feira que estava suspendendo "até nova ordem" os movimentos de sua equipe depois que um de seus veículos, que "recebeu várias autorizações das autoridades israelenses", foi atingido na terça-feira, sem vítimas.
Mediação bloqueada
Enquanto isso, o Catar, Egito e Estados Unidos, tentam, sem sucesso, obter um cessar-fogo em Gaza com a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.
O ataque do Hamas em 7 de outubro resultou na morte de 1.199 pessoas do lado israelense, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 103 ainda estão detidas em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo Exército.
A ofensiva militar de retaliação de Israel na Faixa de Gaza, onde o Hamas tomou o poder em 2007, devastou o pequeno território e deixou 40.602 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que não detalhou o número de civis e combatentes mortos. Segundo a ONU, a maioria dos mortos são mulheres e menores.
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