O fundador e CEO da empresa de mensagens criptografadas Telegram, Pavel Durov, foi preso neste sábado (24), ao desembarcar de seu jato particular no aeroporto de Le Bourget, em Paris, França. Ele vinha do Azerbaijão e estava acompanhado de um guarda-costas e da esposa.
O Telegram tem atualmente cerca de 700 milhões de usuários pelo mundo. A fortuna de Durov é estimada em US$ 15.5 bilhões. O empresário vive atualmente em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
O empresário estava na lista de pessoas procuradas e era alvo de um mandado de busca emitido pela Direção Nacional da Polícia Judiciária Francesa.
De acordo com a imprensa francesa, a “Justiça considera que a ausência de moderação, de cooperação com as autoridades e das ferramentas oferecidas pelo Telegram (número descartável, criptomoedas, etc.) o torna cúmplice do tráfico de drogas, crimes contra crianças e fraudes”, afirma a TV francesa TF1.
Ainda de acordo com a TF1, investigadores do Escritório Nacional Antifraude notificaram Durov e ele segue sob custódia.
O empresário deve ser apresentado a um juiz de instrução ainda neste sábado, e pode ser acusado de crimes de terrorismo, narcóticos, cumplicidade, fraude, lavagem de dinheiro, recebimento de bens roubados, conteúdo criminoso infantil.
A suspeita dos investigadores franceses é de que o Telegram sirva como plataforma para a transmissão ilegal de mensagens criptografadas como meio de comunicação do crime organizado. “Durante anos, tornou-se A plataforma número 1 para o crime organizado”, disse um investigador à TF1.
Inquérito no Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou em maio de 2023 a abertura de um inquérito sobre a participação de dirigentes do Google e do Telegram no Brasil na campanha de desinformação contra o projeto de lei das Fake News.
O ministro acatou um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O movimento ocorreu depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), encaminhou uma notícia-crime contra os responsáveis pelos provedores que participaram ativamente das ações contrárias ao projeto de lei das Fake News.
Naquele mês, Moraes determinou ao Telegram que apagasse a mensagem enviada aos usuários no dia anterior com críticas ao PL das Fake News no prazo de uma hora. Caso a decisão fosse descumprida, ele decretou ainda que haveria suspensão do aplicativo em todo o território nacional por 72 horas, além de multa de R$ 500 mil por hora. O aplicativo cumpriu a ordem.
Ainda em maio do ano passado, Moraes determinou que o Telegram indicasse à Justiça uma representação oficial no Brasil (pessoa física ou jurídica), sob pena de suspensão do funcionamento dos serviços no país.
O aplicativo Telegram atendeu a determinação do ministro e indicou quatro novos representantes da empresa no Brasil. A indicação veio horas depois da decisão de Moraes.
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