O Líbano está avaliando uma proposta americana de cessar-fogo, informaram nesta sexta-feira (15) à AFP dois altos funcionários do governo libanês, quase dois meses após o início da guerra entre o Exército israelense e o Hezbollah.
Após um ano de trocas de tiros transfronteiriços no sul do Líbano, o movimento islâmico pró-iraniano e o Exército israelense entraram em guerra em 23 de setembro.
Desde essa escalada, que resultou em intensos bombardeios israelenses sobre os redutos do Hezbollah, todos os esforços internacionais para alcançar uma trégua fracassaram, apesar dos apelos de Washington e da França.
Os confrontos começaram em outubro de 2023, quando o Hezbollah abriu uma frente para apoiar o movimento palestino Hamas, cujo ataque contra Israel desencadeou a guerra em Gaza.
Sem revelar os detalhes, um alto funcionário libanês informou à AFP que a embaixadora americana em Beirute, Lisa Johnson, apresentou ao primeiro-ministro, Najib Mikati, e ao presidente do Parlamento, Nabih Berri, um plano com 13 pontos.
“É uma espécie de proposta americana. Berri pediu um prazo de três dias”, afirmou o funcionário, falando sob anonimato devido à sensibilidade do tema. Ele destacou que Israel ainda não deu uma resposta.
Em caso de acordo, ele será anunciado num comunicado conjunto franco-americano, acrescentou o alto funcionário. “Haverá um cessar-fogo de 60 dias e o Líbano começará a mobilizar seu Exército na fronteira.”
Um porta-voz do Departamento de Estado americano disse à AFP que não poderia “comentar negociações privadas em andamento”.
Uma segunda fonte do governo libanês, também sob anonimato, confirmou que uma proposta está em análise.
A iniciativa é fruto de discussões entre Berri e o enviado americano Amos Hochstein. Eles chegaram a “um entendimento sobre uma folha de rota para o cessar-fogo e a implementação da resolução 1701”, ressaltou a fonte.
A resolução 1701 da ONU permitiu o fim da guerra anterior entre Israel e o Hezbollah, em 2006.
Ela determina que apenas o Exército libanês e os Capacetes Azuis da FINUL sejam mobilizados na fronteira sul do Líbano, vizinha ao norte de Israel, com o recuo dos combatentes do Hezbollah para áreas mais ao norte, assim como a retirada de soldados israelenses do território libanês.
Desde 2006, essa resolução tem mantido um equilíbrio precário, apesar de episódios de confrontos.
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