Indicados por Bolsonaro ao STF, André Mendonça e Kassio Nunes Marques terão de escolher se concordam ou não com a tese sustentada pelo ex-presidente de que Alexandre de Moraes tem de ser afastado do “inquérito do golpe” por supostamente ser parte no processo. Até então, nenhuma votação havia exigido dos dois ministros posicionamento sobre um tema tão sensível que envolve diretamente tanto o ex-presidente quanto o colega de Corte.
A votação, prevista para sexta-feira (6/12), marcará a atuação de ambos no STF. Votar pela permanência de Moraes no processo representaria ruptura com Bolsonaro e apoiadores do ex-presidente. Por outro lado, caso Mendonça e Kassio se manifestem pelo “impedimento” de Alexandre, divergirão da maioria de seus colegas na Corte, que, como mostrou a coluna, rejeitarão o pedido do ex-presidente.
Diante desse cenário, um experiente interlocutor no STF aposta que um dos dois ministros pedirá vista argumentando haver necessidade de mais tempo para analisar a questão. Dessa forma, o processo sairá de pauta sem que haja definição sobre um ponto crucial para Bolsonaro e Moraes.
A tese de que Alexandre de Moraes deveria ser afastado do processo é uma das principais linhas de defesa do ex-presidente. Mesmo que a Corte refute um primeiro pedido, outras solicitações semelhantes deverão ser protocoladas, de modo a reforçar o discurso de Bolsonaro.
Até hoje, o momento de maior tensão envolvendo Mendonça e Moraes ocorreu em julgamento, em setembro de 2023, sobre o 8 de Janeiro.
Divergência
Na ocasião, afirmou Alexandre de Moraes: “Querer dizer que a culpa é do Ministério da Justiça é absurdo. Quando o ministro que o substituiu [André Mendonça] fugiu para os Estados Unidos e jogou o celular dele no lixo, e foi preso. E vossa excelência vem ao tribunal para dizer que houve conspiração do governo contra o próprio governo? Tenha dó”.
André Mendonça rebateu: “Não coloque palavras na minha boca. Tenha dó vossa excelência”.
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