O Hezbollah anunciou neste sábado (21) a morte de um segundo importante militar da milícia, identificado como Ahmed Mahmoud Wahbi, no mesmo ataque aéreo de Israel que matou ontem o chefe da força de elite do movimento xiita aliado do Irã e do Hamas. As forças israelenses continuam a atacar posições do Hezbollah, que se vê enfraquecido no território libanês.
Um novo balanço de vítimas do bombardeio ocorrido ontem em um subúrdio ao sul de Beirute, reduto do Hezbollah, aponta 31 mortos, entre eles três crianças e sete mulheres, e 68 feridos. Segundo o ministro libanês da Saúde, Firass Abiad, o ataque israelense visou uma reunião da unidade Radwan, a força de elite do Hezbollah, que acontecia na garagem do subsolo de um edifício destruído por vários mísseis israelenses.
Ao todo, 16 combatentes do Hezbollah morreram nesta operação confirmada por Israel, que se referiu a um ataque "seletivo" contra Ibrahim Aqil, que dirigiu as operações militares da milícia xiita contra o território israelense nos últimos meses. O Hezbollah reconheceu, em um comunicado, que perdeu "um de seus grandes líderes" militares ao confirmar a morte de Aqil na noite de sexta-feira. Ele era procurado pelos Estados Unidos por seu envolvimento em dois atentados contra interesses americanos: um deles contra a embaixada dos EUA em Beirute, em abril de 1983, que deixou 63 mortos; e um segundo ataque que matou 241 militares americanos em outubro do mesmo ano.
O bombardeio israelense deixou uma enorme cratera no solo em uma área densamente povoada da periferia de Beirute. Equipes de socorristas ainda trabalham no local com a ajuda de escavadeiras para remover os escombros. O ministro dos Transportes libanês, Ali Hamieh, aliado do Hezbollah, declarou que há 23 pessoas desaparecidas. "O inimigo israelense arrasta toda a região para a guerra", declarou Hamieh.
Militares israelenses disseram no sábado que o espaço aéreo do norte de Israel – a partir da cidade de Hadera – foi fechado aos voos em jatos privados, mas esclareceu que a medida não afeta voos internacionais.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou esta semana que o "centro de gravidade" da guerra, que até agora era travada contra o Hamas na Faixa de Gaza, tinha se deslocado para a fronteira norte com o Líbano.
Com pelo menos 70 pessoas mortas no Líbano esta semana, a maioria no ataque eletrônico sem precedentes contra pagers e walkie-talkies usados para comunicação entre membros do Hezbollah, o número total de mortes no país já ultrapassa 740 vítimas desde outubro, quando começou a guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel. O atual conflito entre Israel e o Hezbollah é o mais grave desde a guerra total que travaram em 2006.
"Estado pária"
O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib, anunciou na sexta-feira a apresentação de uma denúncia ao Conselho de Segurança da ONU após as explosões simultâneas de pagers e outros dispositivos de comunicação que provocaram pânico entre a população libanesa. "A agressão ciberterrorista israelense constitui um crime de guerra”, disse o chanceler libanês, chamando Israel de "Estado pária".
O direito internacional "proíbe" o uso de dispositivos "manipulados" que tenham a aparência de objetos "inofensivos", declarou o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, perante o Conselho de Segurança, reunido em Nova York para discutir esta série de ataques atribuídos ao serviço secreto israelense e provavelmente planejados há um bom tempo.
"Estou consternado com a amplitude e o impacto dos atentados. Esses ataques representam um novo passo na guerra, em que ferramentas de comunicação se convertem em armas. Isso não pode ser o novo normal", criticou Turk.
O embaixador de Israel na ONU não comentou as explosões. "Mas posso dizer a vocês que faremos o possível para atacar esses terroristas", advertiu Danny Danon. "Não temos a intenção de entrar em guerra com o Hezbollah no Líbano, mas não podemos continuar assim", disse Danon, acrescentando que Israel prefere uma solução diplomática.
Bombardeio contra escola em Gaza
A Defesa Civil de Gaza disse neste sábado que um ataque israelense a uma escola que abrigava pessoas deslocadas na Cidade de Gaza deixou 22 mortos. Em nota oficial, o Exército israelense afirmou que alvejou combatentes do movimento islâmico palestino Hamas que estavam escondidos no local. Entre os mortos estão “13 crianças e seis mulheres”, uma das quais estava grávida, disse o porta-voz da Defesa Civil, Mahmoud Bassal.
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