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Bolsonaro e Valdemar acirram luta interna no PL e disputam controle de entidade com orçamento milionário
Paulo Figueiredo

Política

Bolsonaro e Valdemar acirram luta interna no PL e disputam controle de entidade com orçamento milionário

Valdemar sabe que se perder o comando da fundação perde o controle do partido

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O presidente tenta emplacar filho 03, Eduardo Bolsonaro, na Fundação Álvaro Valle, mas comandante da sigla resiste
O comando da Fundação Álvaro Valle, órgão do PL destinado a realizar pesquisas e cursos de política, é o novo motivo de disputa entre a família de Jair Bolsonaro e o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto. O filho 03 do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pede o controle do instituto, enquanto Valdemar diz que não abrirá mão.

A Lei Eleitoral obriga os partidos a repassarem ao menos 20% do valor total do fundo partidário às suas fundações. Neste ano, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PL recebeu até setembro R$ 124 milhões do fundo partidário. De acordo com a última prestação de contas do partido à Justiça Eleitoral, já foram repassados mais de R$ 19 milhões neste ano à fundação – pouco menos do que a regra exige.

Eduardo tem o apoio de Bolsonaro para assumir o controle do órgão, já que abriu mão de entrar na disputa com Valdemar pela presidência do PL. A aliados, o ex-presidente afirmou que seria “simbólico” ter alguém com o seu sobrenome à frente das atividades relativas aos cursos sobre valores conservadores. Eduardo afirma que pretende usar a Fundação e sua verba para realizar eventos da direita em todos os estados do país, a fim de manter a militância ativa.

A vontade de Eduardo de controlar o orçamento, entretanto, esbarra nos planos do presidente da legenda. Valdemar diz que o filho do ex-presidente terá um posto dedicado às relações institucionais no PL.

— A Fundação fica comigo. Aquilo que não gasto com o partido durante o ano, vem para a Fundação e já guardamos para a eleição seguinte. E do jeito que o partido está, tem sido difícil guardar verba. Eduardo é muito dedicado e atento ao partido. Ele terá uma função de conversar com autoridades, eventualmente ficar como representante do partido — diz Valdemar.

No início do mês, o nome de Eduardo foi especulado como novo presidente da legenda. Bolsonaro e Valdemar chegaram a dizer que a troca seria benéfica, já que os dois se encontram impedidos de manter contatos por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que tomou a decisão durante o curso das investigações sobre uma suposta trama golpista arquitetada após as eleições de 2022.

A avaliação interna é que o partido foi prejudicado pela restrição de contato durante as eleições deste ano, e o mais adequado seria que um parlamentar assumisse o posto, já que além de possuir imunidade, conseguiria “fazer a ponte” com Bolsonaro, deixando Valdemar em uma função meramente administrativa.

Na última semana, entretanto, Valdemar disse que não sairá da presidência da sigla e indicou que também não vai ceder o comando da fundação Álvaro Valle à família Bolsonaro.

— Nem por reza brava (deixaria o cargo), eu não falei isso. O pessoal entendeu mal. O Eduardo não pode ser presidente do partido, porque ele não tem tempo para isso. Eu precisaria ser deputado de novo para ter imunidade, porque estou morto. Nós temos que achar um meio de nos defendermos. Se eu abrir a boca amanhã, posso ser preso de novo, como foi por causa de uma arma com registro que era do meu filho que não podia estar comigo. Não tenho a mínima intenção de sair — disse em entrevista ao GLOBO.

Bolsonaro apoia o filho
A aliados, Jair Bolsonaro afirmou que o filho deveria ser o controlador do órgão, por já vir se estabelecendo como representante do PL em viagens pelo Brasil e para o exterior. Eduardo já confirmou, por exemplo, presença no Estados Unidos no próximo dia 5, data em que será realizada a eleição americana, a convite da comitiva de Donald Trump.

O filho 03 também mantém contato com o presidente argentino Javier Milei e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O deputado tem se colocado como interlocutor de lideranças estrangeiras, enquanto Bolsonaro está proibido de deixar o país e com o passaporte apreendido por decisão de Moraes. Recentemente, por exemplo, Eduardo começou a fazer aulas do idioma árabe e passou a viajar com frequência para o Oriente Médio, onde se encontra com lideranças conservadoras e religiosas.
Procurado, Eduardo não se manifestou.

Sem divulgações
Em seu site oficial, há poucas informações sobre a Fundação Álvaro Valle. O instituto, que tem orçamento milionário, traz módulos com a doutrina liberal e vídeos para formação política, além da biografia do ex-deputado Álvaro Valle, fundador do partido. Não há, contudo, a divulgação de eventos ou outras atividades feitas pelo órgão. No Facebook, a última atualização da página é de 2020, quando foi compartilhada uma videoaula.

Desde 2018, a Fundação é presidida por Mariucia Tozatti, aliada de Valdemar em Mogi das Cruzes, sua terra natal. O nome dela, entretanto, sequer aparece no site da Fundação Álvaro Valle. A reportagem procurou Mariucia nos telefones indicados pela fundação, que funciona no mesmo complexo empresarial que a sede do PL, mas não houve resposta.

FONTE/CRÉDITOS: Paulo Figueiredo
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Vilson sales

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